Em seis meses, foram vendidos sete edifícios na zona do Marquês de Pombal, num conjunto de operações que representa um investimento de 86 milhões de euros. A sede da EDP havia sido vendida em Junho por 56 milhões de euros. Negócios de elevada dimensão no sector imobiliário que deram o mote a uma tendência de grandes transacções de imóveis na capital portuguesa que viria a marcar todo o ano de 2015.
22 de Janeiro: PT Portugal vendida à AlticeFernando Ulrich admitiu, no final do mês de Janeiro, realizar um aumento de capital para comprar o Novo Banco e garantiu que prejuízos não põem o BPI de fora da corrida. As palavras foram ditas durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2014, com o banco a apresentar um prejuízo de 161 milhões de euros, um resultado que foi pior do que o estimado pelos analistas. "A capacidade do BPI não depende do resultado de 2014 ou 2013, mas sim da mobilização da confiança dos investidores. O BPI contará com os seus accionistas, que são particularmente fortes e com o apoio do mercado de capitais porque é uma entidade credível" disse Ulrich. Estava assim dado o pontapé de saída numa corrida pelo Novo Banco que iria marcar todo o ano de 2015 e cujo desfecho acabou por escorregar para 2016.
28 de Janeiro: Crise angolana ameaça nove mil empresas portuguesas
Foi o primeiro abalo sério na relação entre empresas portuguesas e Angola. A queda do preço do petróleo fez abanar os alicerces da economia angolana e contaminou as milhares de empresas portuguesas que têm relações comerciais com o país. O governo angolano começou a limitar as importações, parou alguns dos projectos de obras públicas e mostrou sinais querer diversificar a economia. Em paralelo, começaram a escassear dólares no mercado e o Banco Nacional de Angola aplicou restrições na cedência de divisas à banca comercial. O efeito dominó não se esgota aqui. Os bancos portugueses com actividade em Angola ressentiram-se do aperto da economia e os milhares de portugueses expatriados em Angola começaram a sentir dificuldades - que se agudizaram ao longo do ano - em transferirem dinheiro para Portugal.
Acontecimentos internacionais
7 de Janeiro: Ataque terrorista ao Charlie Hebdo
Doze pessoas - entre eles nove jornalistas e dois polícias - foram mortas e 11 feridas a 7 de Janeiro, durante um tiroteio nos escritórios do jornal satírico francês Charlie Hebdo. O número de mortos foi confirmado pelo porta-voz da polícia de Paris, Xavier Castaing. O presidente francês, François Hollande, anunciou, no próprio dia, a activação do plano de alerta máximo no país, depois de um ataque armado que qualificou de "terrorista". Os movimentos de solidariedade espalharam-se por todo o mundo, dando força a uma das expressões do ano: "Eu sou Charlie". Cinco dias após os ataques terroristas, milhares de pessoas uniram-se nas ruas de Paris numa marcha silenciosa contra o terrorismo. Estiveram presentes cerca de 30 chefes de Estado e do Governo.
15 de Janeiro: Suíça acaba com ligação ao euro
A Suíça surpreendeu o mundo: Thomas Jordan, governador do Banco Nacional da Suíça, provocou um verdadeiro "tsunami" nos mercados financeiros ao anunciar o fim da ligação que reinava entre o franco suíço e o euro. A medida ditou uma escalada da moeda helvética que chegou a valorizar quase 20%. A decisão surgiu como antecipação a um possível anúncio de compra de dívida pública pelo BCE, dizem os analistas, uma vez que, a concretizar-se, colocaria demasiada pressão sobre o banco central suíço. A decisão provocou fortes ondas de choque nos mercados.
A retalhista "online" Amazon anunciou a 19 de Janeiro uma estratégia assente na produção de filmes originais. As obras cinematográficas terão estreia no cinema, passando a integrar o serviço de "streaming" da Amazon poucas semanas depois. Para 2015, está prevista uma dezena de filmes. Na semana anterior, a Amazon já tinha informado que iria contratar o cineasta Woody Allen para produzir uma série televisiva. A empresa havia começado o ano em alta, com a sua série "Transparent" a ganhar um Globo de Ouro. A Amazon entrou assim numa batalha digital por conteúdos que está a mudar o modelo de negócio do entretenimento audiovisual em todo o mundo e que tem a Netflix ou a Apple como novos protagonistas.
22 de Janeiro: BCE arma a bazuca
O Banco Central Europeu, liderado por Mario Draghi anunciou a compra de 60 mil milhões de euros de títulos por mês na Zona Euro a partir de Março (e pelo menos até Setembro de 2016). Este montante inclui compras de dívida pública, de dívida emitida por instituições europeias (12% das compras totais) e também dos programas de dívida titularizada privada (estes já iniciados em Outubro). A medida - que os analistas apelidaram de bazuca dado o potencial impacto nas economias da Zona Euro - gerou uma intensa reacção dos mercados europeus.
25 de Janeiro: Syriza vence eleições gregas
O partido de esquerda radical Syriza venceu as eleições com uma margem que superou todas as expectativas. No seu discurso, Tsipras adoptou um tom conciliador, mas vincou que a troika é passado e prometeu acabar com o ciclo vicioso da dívida. O partido de Alexis Tsipras conseguiu 36,34% dos votos, ficando apenas a dois deputados de conseguir maioria absoluta, conseguida no dia seguinte graças ao apoio dos Gregos Independentes. Aos 149 deputados eleitos pelo Syriza, juntaram-se mais 13 deputados deste partido de direita nacionalista. Na semana que se seguiu começou a crescer a popularidade global de Yanis Varoufakis, que acabaria por assumir a pasta das Finanças no novo governo e a liderança posterior das negociações com os parceiros europeus.
O povo grego fez História! A Grécia vira a página, deixa atrás de si a austeridade, o medo, a prepotência e cinco anos de humilhação